Os modelos de liderança inovadora nas instituições de ensino superior brasileiras e do mundo moldaram os painéis realizados na manhã deste segundo dia do XV Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular (CBESP), em Alexânia (GO). O primeiro momento do debate foi voltado às ações formadoras de lideranças educacionais responsáveis e comprometidas com a educação de qualidade. Em seguida houve a apresentação de boas práticas de lideranças inovadoras que colaboram com o enfrentamento dos desafios atuais das instituições de ensino superior privado (IES).
No painel “Liderança Educacional no Brasil e no Mundo”, coordenado pela presidente do Semesp, Lúcia Maria Teixeira, e sintetizado pelo reitor da Universidade São Francisco, Gilberto Gonçalves Garcia, a diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, expôs os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente as metas relacionadas à importância do papel da formação de líderes comprometidos com a sustentabilidade ambiental, social e cultural. “Diante de tantas transformações tecnológicas e disruptivas e dos desafios do planeta, precisamos de lideranças que conduzam os espaços de aprendizagem com senso ético e visão de futuro, que promovam um caminho estruturado para tornar a educação acessível para todos, servindo como base para o crescimento sustentável”, pontuou.
Complementando a fala de Marlova, a professora do mestrado em Gestão de Áreas Protegidas na Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA), Lorena San Román Johanning, recapitulou as ODS e focou no objetivo 4, que trata da educação de qualidade. Para ela, a erradicação da fome na América Latina é por meio do desenvolvimento sustentável. Ele será possível por meio da interdisciplinaridade (envolvendo as esferas cultural, econômica e ecológica) e da intersetorialidade (inserindo no debate governos, IES, ONGs e empresários). “A América Latina tem um grande problema ético hoje: em alguns países, os governantes esquecem de escutar as pessoas. Se quisermos falar em políticas públicas sustentáveis e inclusivas, pelo menos esses grupos intersetoriais precisam ser ouvidos”, defendeu.
A vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Leyla Nascimento, contrapôs a perspectiva acadêmica ao destacar o papel das empresas na formação de líderes e no apoio a iniciativas educacionais. Durante a apresentação, Leila destacou a importância de as empresas investirem em iniciativas educacionais, como parcerias com escolas e universidades, bolsas de estudo e apoio a projetos de educação comunitária, visando fortalecer o setor educacional e preparar líderes para os desafios corporativos. “As novas gerações, especialmente após a pandemia, se tornaram mais seletivas em relação ao local em que desejam trabalhar, pois pensam mais em qualidade de vida e em um mundo sustentável e inclusivo. Além disso, o mercado está mudando, com novas funções dentro das organizações. Cabe às instituições de ensino prepararem esses profissionais”, pontou.
Experiência in loco
Para fechar a manhã foi realizado o segundo painel, com o tema: “Lideranças Inovadoras nas Organizações Educacionais”. Próxima dos expositores, a vice-presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares, Amábile Pacios, coordenou o momento com leveza. A sintetização ficou sob a responsabilidade do secretário executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Andrei Candiota.
A abordagem do painel foi focada nas boas práticas das lideranças inovadoras no âmbito das organizações educacionais como meio de colaborar efetivamente com o enfrentamento dos desafios atuais e o incentivo para as mudanças necessárias nos diversos setores das IES. O diretor-presidente da Associação Nacional da Educação Católica do Brasil (ANEC), padre João Batista Lima, compartilhou a sua vivência de liderança das instituições católicas e o seu papel como agentes de formação de novos líderes no sistema de educação. Ele destacou a importância do papel ético que as instituições devem adotar como exemplo responsável e modelo para os alunos. “Os princípios da ética, da responsabilidade, da formação dos nossos alunos não são só na disciplina. É o conjunto da instituição, como trata seus alunos, seus funcionários e a seriedade com que age nos seus processos acadêmicos”, pontou.
A vice-presidente de relações governamentais, sustentabilidade e comunicação da YDUQS, Cláudia Romano, apresentou o projeto voltado para liderança e empregabilidade do grupo. Os resultados positivos da iniciativa foram evidenciados pela vice-presidente “Cerca de 30 milhões de alunos no nosso país ainda não tiveram acesso ao ensino superior e somos responsáveis para mudar esse cenário”, afirmou.
“Nos últimos cinco anos tivemos bons resultados em nosso empenho por uma educação acessível e de qualidade. 82% dos nossos alunos são os primeiros de suas famílias a cursar uma faculdade, 56% são negros ou pardos, 80% vieram do ensino público e 75% têm renda familiar inferior a 4,5 salários-mínimos”, enumerou. Ela também compartilhou que do ciclo 2017 para 2021 do Enade houve um aumento de 11 pontos percentuais nos cursos presenciais e, na educação a distância, apenas a YDUQS mais um player tiveram notas 4 e 5 em 2021.
Para fechar o painel, a presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), Beatriz Maria Eckert-Hoff, expôs a importância da formação de líderes na educação brasileira, tanto nas instituições públicas quanto privadas, e a participação dos reitores como direcionadores dessa transformação digital. “Sou a segunda mulher a estar na presidência do Conselho e a primeira de uma instituição particular. Vocês podem imaginar o desafio de lidar com a diversidade do segmento educacional e de nos unirmos por uma educação maior e melhor para o nosso país”, comentou.
Beatriz, que é reitora da Universidade do Distrito Federal (UDF), do grupo Cruzeiro do Sul Educacional, comentou o conceito do historiador Michael Crowder “os gestores precisam de um conjunto de habilidades de um político, de um acadêmico, de um empreendedor”. A partir dessa premissa, ela comentou como um líder desenvolve cada uma das habilidades.
O CBESP
O CBESP é um evento itinerante que reúne reitores, mantenedores, autoridades, educadores e formadores de políticas públicas para educação de todo o Brasil. É promovido pelo Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular (Fórum) e pela Linha Direta.
Depois de passar por todas as regiões brasileiras, a 15ª edição está sendo realizada no Tauá Resort, em Alexânia (GO), de 24 a 26 de maio de 2023, com o tema “Liderança inovadora: o desafio da educação superior”. Quase 600 participantes presenciais e cerca de 4 mil remotamente estão reunidos nestes três dias para debater pautas pertinentes ao setor privado de ensino superior, bem como compartilhar experiências e interagir com os principais nomes do segmento no país e no mundo.
As palestras e painéis estão sendo transmitidos no canal do YouTube do CBESP, exceto os workshops desta tarde. Conheça a programação completa aqui.
