Cinco lideranças femininas estiveram à frente do painel “Educação Superior no contexto da Diversidade como Inovação”, na tarde desta quinta-feira (29) do XVII Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular (CBESP). Sob a coordenação de Lúcia Teixeira, presidente do Semesp e da Unisanta, o primeiro painel exclusivamente de mulheres na história do Congresso, destacou o papel da diversidade de gênero, raça, classe, território e cultura como motor de inovação nas instituições de ensino superior (IES), conectando práticas pedagógicas, gestão institucional e compromisso social.
A mesa, composta exclusivamente por mulheres, contou com falas marcantes de Mônica Sapucaia, conselheira do CNE; Beatriz Maria Eckert-Hoff, da Cruzeiro do Sul Educacional; Débora Guerra, CEO da Trivento Educação; Suely Menezes, ex-conselheira do CNE; e Cláudia Romano, vice-presidente do grupo YDUQS. A mediação ficou a cargo de Iara de Xavier, assessora da presidência da ABMES, que também lançou no evento a publicação “Protagonismo Feminino na Educação Superior Brasileira”, reunindo experiências e reflexões de mulheres líderes do setor.
Mônica Sapucaia abriu sua fala direcionando-se especialmente aos homens presentes: “As mulheres já fizeram sua parte. Estudamos, nos qualificamos, buscamos espaço. Agora é hora de os homens se levantarem e abrirem espaço para que possamos ocupar, de fato, os lugares de decisão”. Ela alertou para os riscos estruturais da exclusão feminina no mercado educacional e reforçou: “Não é possível imaginar um mundo produtivo ou sustentável sem a presença ativa das mulheres nas instituições de ensino superior”.
Para Beatriz Eckert-Hoff, a diversidade pode e deve estar presente na gestão acadêmica de grandes grupos educacionais, respeitando a identidade local das instituições e promovendo modelos curriculares flexíveis e personalizados. “Estamos vivendo uma travessia de paradigmas. A diversidade não pode ser uma pauta isolada. Ela é condição essencial para uma educação com excelência, adaptada à realidade de cada estudante”, pontuou.
A experiência e o impacto social das instituições de ensino no interior do país foi o foco da fala de Débora Guerra, mostrando como a presença das IES em regiões afastadas dos grandes centros transforma vidas, gera desenvolvimento e amplia o acesso à educação de qualidade. “A interiorização da educação é, por si só, um exercício de diversidade e inovação. É onde enfrentamos as maiores vulnerabilidades sociais com as soluções mais criativas”, destacou.
Suely Menezes emocionou a plateia ao afirmar que “a diversidade, longe de dividir, une”. Ao longo de sua fala, ressaltou que reconhecer e valorizar as múltiplas identidades dos estudantes é condição para uma educação verdadeiramente transformadora. “Pensar a diversidade como inovação nos lembra que ambientes plurais são laboratórios naturais de criatividade. Onde olhares diferentes se encontram, novas perguntas surgem, novas respostas se constroem”, afirmou.
Encerrando o painel, Cláudia Romano compartilhou as iniciativas da YDUQS na promoção de uma cultura institucional inclusiva, com metas e programas voltados à diversidade e à representatividade nos espaços de poder. “Exercer liderança com diversidade é exercer liderança com visão de futuro. A nossa jornada é contínua, mas temos orgulho de transformar cada dado em ação concreta, cada aluno em protagonista”, declarou.
Na síntese do painel, Iara de Xavier destacou a importância histórica do momento: “Um painel todo feminino, com uma pauta complexa e sensível, é um marco na trajetória do CBESP. A diversidade, como disseram aqui, é potência. E quando é vivida com intencionalidade, transforma instituições e formações inteiras”.
A programação do CBESP continua ao longo da tarde com o quarto painel sobre Inteligência Artificial nas Instituições de Ensino Superior e workshops temáticos. O congresso se encerra nesta sexta-feira (30), com sessões plenárias e apresentação de propostas para a Carta de Touros.