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O debate sobre os desafios do ensino a distância abriu a programação da tarde do segundo dia do XVI Congresso Brasileiros de Educação Superior (CBESP). Especialistas sobre o assunto apresentaram o histórico e o panorama atual e sugeriram alternativas para melhoria da qualidade e da oferta de vagas. Coordenado pelo presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades (ABRAFI), Paulo Chanan, e pelo presidente da Associação Nacional dos Centros Universitários (ANACEU), Arthur Sperándeo, o Painel “Educação a distância e a democratização da Educação”, contou com a participação do COO da Pravaler, Beto Dantas, o COO da Estácio e Wyden, Aroldo Alves, o presidente da COmissão de EAD e Inteligência Artificial na Educação do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, Luciano Sathler, e o CEO do Grupo Ser Educacional, Jânyo Diniz. 

Abrindo os trabalhos, Chanan convidou os participantes a refletirem sobre a atual realidade do ensino a distância. “Estamos acompanhando, desde 2017, uma mudança de perfil dos matriculados e dos ingressantes e um problema de oferta, que envolve muitos fatores, diversos que foram abordados neste painel. O ensino a distância tem enfrentado desafios consideráveis também em relação à qualidade”, comentou. 

Coube a Diniz apresentar um histórico da trajetória do ensino a distância, destacando o impacto que existiu em razão da grande ampliação no número de matrículas ao longo do tempo, a criação de vagas e polos, e quais são as possibilidades para garantir a sustentabilidade.  “A gente tem que pensar para o futuro e não olhar para o que aconteceu lá no passado, com crescimento de vagas, de polos, redução da receita dos cursos EAD. Pensar sobre como vamos usar a tecnologia a favor das instituições, porque, se isso não acontecer, todo mundo que está aqui vai ser substituído por digital influencers que nunca estudaram e que dizem por aí que uma aula deles de um dia é melhor que um doutorado de quatro anos”, avaliou. 

“Hoje não conseguimos dizer para o nosso aluno se o curso que estamos ofertando é aquilo que, de fato, ele precisa, o que o mercado necessita porque não temos um raio-x claro do que o mundo do trabalho está tendo como tendência de aprendizado dos alunos. A oferta hoje é padronizada, mas o EAD vai permitir a personalização do aprendizado de cada aluno”, comentou o CEO do Grupo Ser Educacional. 

O papel do financiamento estudantil na democratização do acesso ao ensino superior foi o foco da fala do COO da Pravaler, Beto Dantas. Ele apresentou cases de alunos que conseguiram financiar seus cursos de graduação a partir das ofertas da plataforma. “Já são mais de 400 mil pessoas beneficiadas, promovendo uma maior fidelização, com redução de 65% de evasão de alunos. Além disso, de acordo com uma pesquisa feita pelo Semesp em parceria com a Workalove apontou que 64% dos estudantes não conseguiriam ingressar no ensino superior se não tivessem financiamento”, comentou. A marca, criada há 22 anos, é responsável por 85% do financiamento estudantil privado no Brasil. 

A experiência da Estácio foi compartilhada por Flávio Murilo, reitor da Faculdade Estácio de Sá. Ele apresentou o perfil do aluno da instituição: 56% se declaram negros e pardos, 70% já trabalham, 80% são egressos do ensino público e 75% tem renda familiar inferior a quatros salários mínimos e 82% são os primeiros de suas famílias a acessar o nível superior. A partir desses dados, Alves reforçou o compromisso de promover a inclusão e o pertencimento. “Fizemos um grande investimento em tecnologias educacionais para poder estar presente em 4 mil municípios e 2,5 mil polos oferecendo um ensino de qualidade voltado à empregabilidade. É dessa maneira que oferecemos nossa contribuição para democratização da educação brasileira”, detalhou. 

Para o presidente da Comissão de EAD e Inteligência Artificial na Educação do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, Luciano Sathler, o ensino como um todo está em um momento de inflexão. “Eu não tenho dúvida de que o ensino superior privado brasileiro e comunitário, especialmente a EAD, é o maior instrumento de inclusão democrática que o nosso país tem. Isso passa pelo EAD, passa pelo Fies, passou pelo Prouni e cada momento desse possibilitou que milhares de alunos pudessem acessar o ensino superior, mas nós estamos com um problema”, ponderou. Ele fez uma crítica ao sistema de avaliação do ensino superior. “O nosso sistema caducou. Não dá mais para acreditar em um sistema centralizado em Brasília em que todas as instituições têm que entregar os mesmos resultados, independente da sua vocação, da sua localidade, da sua história ou do seu contexto”, afirmou. 

Por fim, Arthur fez um resumo das falas dos painelistas. “A educação a distância é democrática, inclusiva, permite a diversidade e, sobretudo, a permanência dos jovens junto às suas comunidades para o desenvolvimento e o progresso de um país continental como o Brasil”, afirmou. “Precisamos, como entidades representativas, levar os nossos melhores educadores com conhecimento em educação digital para a discussão que irá começar no CC-Pares, anunciado pela secretária da Seres ontem, neste evento, para que se faça prevalecer o melhor para o país, para um projeto de Estado”, concluiu. 

O XVI CBESP ocorre de 5 a 7 de junho, em Mogi das Cruzes (SP). Confira a programação completa e acompanhe as transmissões pelo canal CBESPBr, no YouTube

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