CBESP

O painel “Inteligência Artificial nas Instituições de Ensino Superior” encerrou o segundo dia do XVII CBESP com uma discussão vibrante sobre o impacto das tecnologias emergentes na educação. Coordenado por Celso Niskier, Conselheiro Nacional de Educação, o encontro teve como destaque o educador e influenciador Joel Jota, que defendeu o uso estratégico da IA como ferramenta de inclusão e permanência, afirmando: “A inteligência artificial não substitui pessoas, mas potencializa quem sabe usá-la”. Empresários e especialistas apresentaram soluções já aplicadas em instituições educacionais brasileiras, apontando benefícios e desafios éticos da adoção dessas tecnologias no ensino superior.

A sessão foi dividida em dois momentos. O primeiro teve como destaque o influenciador e educador Joel Jota, que impactou a audiência ao compartilhar sua experiência como embaixador da campanha Educação Mais Forte, do Fórum Brasil Educação. Com linguagem direta e dados expressivos, Joel alertou: “A IA não vai roubar seu emprego. Mas alguém que souber usá-la, vai”. Ele incentivou as instituições a adotarem comitês internos de IA, mapearem jornadas dos estudantes e oferecerem capacitação para professores e gestores. “A IA é uma ferramenta de sobrevivência para quem quer se manter competitivo”, afirmou, ao destacar que um simples chatbot reduziu em 21% a evasão na Georgia State University.

Na segunda etapa do último painel desta quinta-feira (29), empresários e especialistas compartilharam cases concretos sobre a adoção de inteligência artificial em instituições e empresas educacionais. Alberto Dantas, CEO do Pravaler, apresentou como a empresa tem usado IA para aumentar a assertividade na concessão de crédito estudantil, reduzir a evasão e gerar captação ativa. “Já são mais de 10 bilhões de reais investidos no setor e 70% dos nossos alunos são novos para as IES parceiras. A IA nos permite oferecer o aluno certo para a instituição certa”, destacou.

O case da plataforma Sofia foi apresentado por Jânio Diniz, CEO do Grupo Ser Educacional. Desenvolvida internamente, a tecnologia usa IA generativa para criar trilhas de aprendizagem personalizadas, provas com correções automáticas e relatórios de desempenho em tempo real. “O ensino do futuro será individualizado, contínuo e conectado com as transformações do mercado. As IES precisam deixar de focar só no ensino para pensar no aprendizado”, afirmou.

Cristina Pastori, diretora de Marketing da PUC-PR, chamou atenção para a necessidade de redesenhar a matriz curricular. “Não basta implementar IA em um modelo pensado para o passado. A IA permite inclusão por equidade e personalização do ensino, mas isso exige uma profunda revisão dos processos pedagógicos”, explicou. Ela também compartilhou que a universidade criou um observatório para regulamentar e orientar o uso ético e estratégico da IA entre professores e alunos.

As plataformas personalizadas de IA customizáveis que estão sendo usadas por instituições de ensino e empresas de outros setores, como iFood, Cogna e Bradesco, foram apresentadas por Lucas Moraes, CEO da TULS. Com exemplos de assistentes virtuais que corrigem redações, automatizam matrículas, e até simulam avatares de educadores como o professor Janguiê Diniz, Lucas demonstrou a potência e a acessibilidade das soluções disponíveis. “O futuro chegou. Quem não usar, vai ficar para trás — e rápido”, afirmou.

O encerramento ficou a cargo de Marcos Ziemer, vice-presidente da ABIEE, que destacou dois grandes blocos de reflexão: os benefícios e os desafios do uso da inteligência artificial na educação. Entre os ganhos, estão a personalização da aprendizagem, a automatização de tarefas administrativas e a eficiência na gestão acadêmica. Já entre os desafios, Ziemer apontou a necessidade de capacitação de docentes, regulamentação ética, proteção de dados e o cuidado com a desumanização do processo educacional. “A IA é um valor agregado. Mas precisamos lembrar que educação é, acima de tudo, uma relação humana”, concluiu.

Programação 

A programação do terceiro e último dia do XVII CBESP, nesta sexta-feira (30), será marcada por momentos de consolidação e perspectivas futuras. Estão previstas as plenárias finais, a apresentação da nova Agenda Trienal do Fórum Brasil Educação (2025–2027) e a leitura oficial da Carta de Touros, documento que sistematiza as principais proposições debatidas ao longo do congresso. A expectativa é de que o encerramento reforce o compromisso do setor com uma educação superior transformadora, inclusiva e alinhada aos desafios da sociedade contemporânea.