A sexta e última sessão temática do XVII CBESP, realizada na manhã desta sexta-feira (30), trouxe ao centro do debate o tema “Educação Empreendedora como Ação Transformadora”. Coordenado por Arthur Macedo, presidente da Anaceu, o painel apresentou visões complementares sobre como o ensino superior pode desenvolver competências empreendedoras com propósito social, visão crítica e responsabilidade ética.
Abrindo a sessão, Luiz Roberto Liza Curi, titular da Cátedra Paschoal Senise da USP e professor da FGV, defendeu que o empreendedorismo educacional deve ser entendido para além do mercado. “Não se trata apenas de criar negócios, mas de pensar criticamente o papel da universidade na formação de sujeitos transformadores, capazes de intervir na realidade com ética, ciência e responsabilidade social”, afirmou. Curi também destacou que a autonomia das IES deve ser acompanhada de um compromisso sistêmico com o desenvolvimento do país. “Não é possível dissociar inovação de democracia. Uma educação empreendedora precisa estar a serviço do bem comum”, completou.
Na sequência, Wilson Rodrigues, diretor-geral da Faculdade do Comércio de São Paulo, compartilhou a experiência da instituição com modelos de ensino voltados à realidade do mundo do trabalho. Ele apresentou dados sobre evasão, desengajamento estudantil e empregabilidade, destacando que o currículo tradicional ainda não dialoga com os desafios do século XXI. “A sala de aula precisa ser um laboratório de solução de problemas reais. O aluno quer propósito, quer pertencimento, quer conexão com sua trajetória de vida. Isso é educação empreendedora”, disse. Para ele, as IES precisam operar com flexibilidade, foco em competências e proximidade com o ecossistema produtivo.
O painel também contou com a participação de João Arthur Bündchen, gerente de inteligência e pesquisa da Educa Insights, que apresentou dados inéditos sobre a percepção dos estudantes em relação à inovação, carreira e futuro. Segundo a pesquisa, 80% dos estudantes querem ter o próprio negócio ou atuar em projetos com autonomia, mas apenas 23% acreditam que a instituição os prepara para isso. “Existe uma lacuna clara entre aspiração e entrega. O desafio é transformar o currículo para desenvolver pensamento crítico, criatividade, resolução de problemas e habilidades socioemocionais”, explicou. Bündchen defendeu que a educação empreendedora seja vista como um eixo formativo transversal, com estratégias desde o primeiro semestre.
Encerrando o painel, o diretor executivo do SEMESP, Rodrigo Capelato, sintetizou as falas destacando que a educação empreendedora precisa estar no centro da reforma curricular que o ensino superior brasileiro exige. “Falar de empreendedorismo não é só abrir espaço para startups. É garantir que cada estudante encontre sentido na sua formação e desenvolva ferramentas para transformar sua própria realidade”, afirmou.
A programação do CBESP seguiu com o talk-show de encerramento sobre engajamento estudantil na era digital e, em seguida, a leitura da Carta de Touros e a apresentação da Agenda Trienal do Fórum Brasil Educação (2025–2027), encerrando oficialmente a 17ª edição do congresso.